Edição da revista Época coloca em questão o fato de héteros se travestirem de mulher no Carnaval.
por Redação MundoMais
A capa deste fim-de-semana de Carnaval da revista Época chama atenção: a bandeira gay aparece com a cor vermelha derramando-se em referência ao sangue de milhares de homossexuais mortos por homofobia. A chamada, "Amor e Ódio aos gays", engancha a atual festa que acontece no país. "No Carnaval, o Brasil aceita, imita e consagra os homossexuais. Por que, no resto do ano, há tanta violência?", questiona.
A reportagem faz um resumo dos recentes casos de homofobia ocorridos em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Quanto a liberdade que gays e lésbicas adquirem no Carnaval, a reportagem conversou com Carlos Tufvesson, coordenador especial de Diversidade Sexual do município do Rio, que acaba de lançar a campanha Rio: Carnaval sem preconceito.
"Muitos dos homens que saem de vestido e maquiagem nos blocos de Carnaval vão agredir homossexuais no resto do ano ou mesmo quando tirarem a fantasia", afirmou Tufvesson. Na mesma linha de pensamento seguem declarações de Maria do Rosário, atual secretária dos Direitos Humanos. "Esses ataques são crimes de ódio e não podem se consolidar como uma prática cotidiana. Isso é inaceitável", disse.
O deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) e a senadora Marta Suplicy (PT-SP) também são citados como fortes apoiadores no Congresso para a aprovação da lei que torna crime a discriminação por orientação sexual, o PLC 122.
Apesar da boa intenção, é justamente na criminalização da homofobia que a matéria peca. Com uma discussão rasa sobre o projeto de lei, a reportagem termina com declarações de Ives Grandra Martins, jurista paulistano, que afirma ser desnecessária a criminalização da homofobia, alegando que até piadas contra gays se tornariam crime. Augusto Nicodemus Gomes Lopes, presidente da Universidade Presbiteriana Mackenzie, também é citado. "Ensinar e pregar contra a prática do homossexualismo não é homofobia", declarou o presidente em um manifesto que se espalhou na internet.
De modo geral, a abordagem do assunto pela revista Época deve ser vista como positiva à comunidade LGBT, por abordar um crime que é visto por milhares de brasileiros como mais um ato de violência e não como um crime de ódio.
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